Turismo Sustentável e Turismo Regenerativo: A Evolução de uma Nova Consciência no Brasil
Nos últimos anos, o turismo vem passando por uma profunda transformação, alinhando-se com valores de preservação ambiental e respeito às culturas locais. Nesse cenário, dois conceitos têm se destacado como pilares dessa evolução: o turismo sustentável e o turismo regenerativo. Embora ambos compartilhem a preocupação com o impacto das atividades turísticas, há uma diferença crucial que os separa: enquanto o turismo sustentável busca minimizar danos, o turismo regenerativo visa ir além, promovendo a recuperação e o fortalecimento dos ecossistemas e das comunidades afetadas.
A partir da evolução do turismo sustentável, o turismo regenerativo surge como uma resposta inovadora aos desafios ambientais e sociais enfrentados por destinos ao redor do mundo. O turismo sustentável, historicamente, baseia-se na ideia de preservar o que já existe, buscando minimizar o impacto humano sobre o meio ambiente e as comunidades. Esse modelo propõe práticas que envolvem desde a gestão eficiente de recursos naturais até a promoção de um turismo mais inclusivo, garantindo que as comunidades locais se beneficiem economicamente das atividades turísticas sem comprometer sua cultura e modo de vida. Apesar de seu valor indiscutível, o turismo sustentável limita-se, muitas vezes, a ser uma prática de manutenção — uma tentativa de mitigar os danos já causados pela exploração desordenada
Por outro lado, o turismo regenerativo vai além dessa proposta conservadora. Ele não se contenta em apenas preservar o meio ambiente; seu objetivo é restaurar e regenerar o que foi danificado, seja o ecossistema natural ou as culturas locais que foram impactadas em níveis pelo turismo convencional. Essa abordagem transformadora promove uma relação de troca entre o visitante e o ambiente, onde o turista não é apenas um coletor, mas um agente ativo na recuperação dos locais que visita. No contexto do turismo regenerativo, o envolvimento profundo do visitante com o meio ambiente permite a criação de experiências significativas, que não só promovem a cura dos ecossistemas, mas também a regeneração interna do próprio turista.
No Brasil, esse conceito começa a ganhar força, com iniciativas que se concentram em áreas naturais de grande valor ambiental e cultural. Regiões como a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica, que já enfrentam diversas manipulações devido à exploração econômica, se tornam ideais para a implementação de práticas regenerativas. Ao adotar esse modelo, o turismo regenerativo não apenas ajuda na recuperação da biodiversidade local, mas também valoriza e fortalece as comunidades que ali vivem, promovendo uma relação mais equilibrada e harmônica entre os seres humanos
Dessa forma, ao comparar turismo sustentável e regenerativo, percebemos que, enquanto o primeiro se concentra na manutenção e preservação, a segunda busca uma intervenção ativa e consciente, capaz de curar o que foi prejudicado e criar um novo paradigma de turismo, mais sensível às necessidades do planeta.
Turismo Sustentável: Preservar para Continuar
O conceito de turismo sustentável surgiu como uma resposta à crescente conscientização sobre os impactos negativos do turismo de massa. Ele propõe um equilíbrio entre o desenvolvimento turístico e a conservação dos recursos naturais e culturais. A premissa é simples: o turismo pode e deve ser uma força para o bem, desde que haja planejamento e responsabilidade. Isso inclui a preservação ambiental, o envolvimento das comunidades locais e a manutenção da viabilidade econômica dos destinos.
No turismo sustentável, o foco está em preservar o que já existe, assegurando que as gerações futuras também possam usufruir dessas riquezas. Práticas como a redução de resíduos, o uso consciente dos recursos naturais e o respeito às tradições culturais são elementos centrais. No entanto, apesar de sua relevância, o turismo sustentável, por si só, pode ser limitado ao atuar de maneira preventiva, sem promover uma transformação mais profunda dos ambientes e comunidades.
Turismo Regenerativo: Restaurar para Evoluir
É nesse ponto que o turismo regenerativo entra em cena, propondo uma visão mais abrangente e proativa. Em vez de apenas não causar danos, o turismo regenerativo busca revitalizar ecossistemas e culturas que foram degradadas ou subutilizadas ao longo do tempo. Ele se baseia na ideia de que a atividade turística pode ser uma força ativa de regeneração, promovendo a recuperação de áreas naturais, fortalecendo a cultura local e, mais importante, criando uma conexão mais profunda entre os visitantes e os destinos.
Ao contrário do turismo sustentável, que preserva, o turismo regenerativo tem como objetivo recuperar e revitalizar. Isso se manifesta em iniciativas que vão além do “não causar impacto”, como o apoio a projetos de reflorestamento, a regeneração de solos degradados e o fortalecimento das comunidades locais por meio da valorização de suas tradições e saberes. Mais do que evitar a degradação, o turismo regenerativo oferece ao turista a oportunidade de se tornar parte ativa da solução, contribuindo para o renascimento dos locais visitados.
O Viés do Turismo Regenerativo em Nosso Trabalho
No Brasil, a aplicação do turismo regenerativo ganha uma importância ainda maior, dada a rica biodiversidade e o vasto patrimônio cultural que o país abriga. No entanto, essa riqueza também torna os desafios maiores, especialmente em áreas que sofreram com o turismo desordenado e a exploração de recursos naturais.
No trabalho que desenvolvemos com o Vivah Experiências, o foco está em criar vivências imersivas na natureza, onde a regeneração interna dos participantes é tão importante quanto a regeneração dos ambientes. Através de experiências que combinam contato direto com a natureza e práticas de bem-estar, como meditação e autoconhecimento, buscamos não apenas restaurar ecossistemas, mas também promover uma transformação pessoal profunda. Acreditamos que a cura e o equilíbrio de um indivíduo estão intrinsecamente ligados à revitalização dos ambientes naturais ao seu redor.
Nossas experiências ocorrem prioritariamente em áreas naturais como florestas, praias e ambientes rurais, onde o visitante se conecta diretamente com a terra e suas energias. Nesse processo, o turista deixa de ser um mero espectador para se tornar um agente ativo na regeneração do local, contribuindo para a restauração de ecossistemas e comunidades.
O Futuro do Turismo Regenerativo no Brasil
À medida que o turismo regenerativo se consolida como uma prática transformadora, ele aponta para o futuro do setor, onde a sustentabilidade não é o ponto final, mas o ponto de partida. O Brasil, com sua vasta diversidade ecológica e cultural, tem o potencial de se tornar um dos principais destinos de turismo regenerativo no mundo. O desafio está em ampliar essa consciência, tanto entre os turistas quanto entre os gestores de destinos, criando uma nova cultura de turismo que vai além do preservacionismo e abraça a regeneração como um caminho para o futuro.
O que propomos com o Vivah Experiências é uma jornada de reconexão, onde o visitante se transforma enquanto transforma o ambiente ao seu redor. A regeneração, tanto interna quanto externa, é o coração do nosso trabalho e acreditamos que ela é o caminho para um turismo verdadeiramente transformador.
O turismo regenerativo é, portanto, uma evolução natural do turismo sustentável, convidando-nos a olhar além da conservação e a adotar uma postura ativa de reparação e revitalização, tanto dos destinos que visitamos quanto de nós mesmos.
Por meio dessa abordagem inovadora, o Brasil pode não só proteger suas belezas naturais e culturais, mas também regenerá-las, garantindo que futuras gerações possam vivenciar a verdadeira riqueza que este país tem a oferecer. O turismo regenerativo não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para um futuro mais sustentável e próspero.
Turismo Sustentável no Brasil: https://www.gov.br/turismo/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/turismo-responsavel
Turismo Regenerativo e Sustentável no Brasil:https://www.ecodebate.com.br/2024/07/12/ecodebate-indice-da-edicao-n-4-164-de-12072024/
Por Claudia Blands
Claudia Blands, especialista en Turismo Regenerativo y fundadora de Vivah Experiencias Regenerativas. Con formación en Gestión de Turismo Sostenible y una amplia experiencia en el desarrollo de iniciativas que buscan reconectar a las personas con la naturaleza, trabaja para transformar el turismo en una herramienta de regeneración ambiental, social y cultural. A lo largo de su trayectoria, ha participado en proyectos de impacto en diversas regiones, siempre con el objetivo de promover viajes que inspiren una conexión profunda y transformadora. En su columna en el Instituto Aupaba, muestra cómo el turismo regenerativo es una invitación a mirar hacia adentro, sanarse y, a partir de esa transformación personal, impactar positivamente el medio ambiente y las comunidades.